
Entrevista
de Amy Lee à Tim Cashmere - Undercover.com - 2004
Vamos primeiro
falar sobre o Fallen, que no ano passado foi o 4º
lugar em vendas nos EUA, com vendas de 3 milhões e meio
de unidades, e eu acredito que esteja com cerca de 7 milhões
no mundo todo...
Isso é incrível. Mas ainda
não chegou a 7 milhões...

Me faz sentir como se eu tivesse feito
um bom trabalho. Me faz sentir feliz pois muitas pessoas gostam
da nossa música. Eu nunca pensei em fazer sucesso pelo
mundo todo. As pessoas me perguntam por que eu não estou
pulando toda animada, do tipo "Sou milionária!",
mas não é bem assim. Eu apenas queria fazer música,
então eu estou feliz.
A última
vez que você esteve aqui (Austrália), você
disse que você nunca é reconhecida nas ruas. Isso
ainda acontece?
Um pouco mais do que eu estava acostumava.
Acho que ano passado eu estive aqui em junho... por ai, e agora
estou certamente sendo mais reconhecida nas ruas. Não
chega ao ponto de eu não conseguir sair em público;
nunca estará nesse ponto, simplesmente porque eu não
sou um ícone pop ou uma atriz ou algo assim... Pelo menos
espero, ou eu iria odiar a vida. É legal quando você
conhece um fã, assina um autógrafo e eles respeitam
sua música e seu trabalho. É um elogio, mas eu
não uso maquiagem normalmente ou qualquer coisa e eu
continuo saindo por ai esperando não ser reconhecida,
e as pessoas querem tirar minha foto e colocar na Internet ou
algo assim e eu fico "Por favor não tire uma
foto minha!".
Você
foi mencionada por dizer que o Evanescence costumava ser somente
você e Ben e um monte de outros caras e agora você
está trabalhando como uma união. Como assim?
Bom, eu acho que é importante para
uma banda que todos se sintam como se eles tivessem investido
seus corações no projeto. Antes, o que aconteceu
era que os caras foram trazidos à banda depois que ela
já estava formada, então não era como se
eles tivessem seu coração nela. Nós os
ensinamos como tocar e eles tocaram. Especialmente com o Ben
era um regime rígido, você tinha de fazer tudo
se encaixar perfeitamente e eu não acredito nisso. Eu
acredito no coração da música, isso é
o que a música deve ser. Não é para ser
ditada de uma forma, é para ser do seu coração.
É para ser sobre sentimento e todos serem capazes de
levá-la do seu próprio jeito e eles entendem que
nossa banda é para isso. Não é como se
eles fossem tentar fazer country ou algo assim. Nosso novo guitarrista,
Terry Balsamo, está trazendo outro elemento para a banda
e isso é muito bonito e maravilhoso. Também temos
a chance de passar por algo juntos, a perda do "grande
membro principal". Também estamos compondo juntos
e todos sentem como se tivessem a chance de estar numa banda
de verdade, não apenas como um músico contratado.
Da última
vez, o Ben compôs um pouco do álbum, então
com o próximo álbum terá um grande efeito
em como as músicas são escritas?
Terá um grande efeito. Eu acho que
o álbum será bem melhor!
Isso significa
que você não está feliz com esse?
É só que eu amadureci com
ele. Eu acho difícil às vezes cantar as mesmas
músicas que foram escritas quando eu tinha 16, 17, 18
anos, já que desde então, muita coisa aconteceu
comigo e eu sou uma pessoa diferente agora. Você cresce,
muda e tem sentimentos diferentes. É difícil,
cantar, lembrando do tão vulnerável que me sentia
quando escrevi essas músicas, e agora sinto que não
quero mais ser vulnerável. Eu quero ser mais forte que
isso. Então eu estou definitivamente pronta para compor
sobre esses sentimentos mais maduros que eu tenho e as coisas
que passei. Eu quero falar! Não quero mais, ficar silenciosa!
Você
tem alguma música pronta para o próximo álbum?
Sim, algumas. Não muitas. Precisamos
nos concentrar nisso. Temos muitos pedaços e conceitos
e planos e coisas; então quando encerrarmos a turnê,
reuniremos tudo. Encerraremos no final de fevereiro ou começo
de março, então iremos finalmente começá-lo.
Então
assim que você terminar, já está de volta.
Sem descanso!
Verdade. É que eu tenho tanta coisa
sendo construída em mim que eu quero escrever sobre isso.
É como se eu fosse explodir, caso não colocasse
no papel. É o período mais longo que eu passei
na minha vida sem escrever. Eu sempre fui uma compositora, antes,
durante e depois de Ben. Não tem nada a ver com o Ben,
o Ben não compôs o álbum, fizemos isso juntos.
Então se eu não transformar isso em músicas,
me sinto muito vazia.
Você
não consegue compor enquanto está em turnê?

Amanhã
deve ser um pouco pior para você, porque o vôo é
de 5 horas para Perth.
Não será tão ruim
para mim, quanto a acordar cedo, porque empacotamos tudo lá
pelas 8 da manhã e já estamos saindo; é
um vôo de 4 ou 5 horas. Depois temos de fazer tudo isso
antes do almoço e ainda ter tempo para a checagem do
som.
Provavelmente
você estará tocando às 4 da manhã?
Nunca se sabe. Os shows aqui são
mais cedo do que nos EUA, para a gente pelo menos.
Não
seria, se vocês tocassem num clube.
Temos tocado às 9:30h. Nós
costumávamos tocar às 10:30h ou 11h. Eu achava
que vocês eram festeiros, o que acontece?
E sobre esses
rumores de você e Wes Borland trabalhando juntos?
Bom, Wes Borland e eu somos amigos e nós
realmente trabalhamos juntos, ele e eu e Danny Lohner (Nine
Inch Nails, Rob Zombie, David Bowie) na trilha sonora do Underworld,
mas devido a advogados e empresários e toda essa droga
legal, não puderam usar meu vocal, o que é uma
pena porque fizemos um ótimo trabalho de composição.
Quando Ben saiu da banda, nós discutimos sobre ele (Wes)
compor algo comigo no próximo álbum, o que eu
acho que poderia ser bem legal, mas acho mais importante compor
com minha banda. Eu adoraria experimentar e me divertir por
ai, seria maravilhoso, mas definitivamente o mais importante
é compor com a banda.
Existirá
um álbum solo da Amy Lee?
Não sei. Eu acho que não,
mas não posso dizer isso, é difícil. Eu
acho que depois que o Evanescence acabar, eu já terei
o bastante no meio musical.
Terry (Cold)
está na guitarra agora. Como ele está indo?
Melhor do que eu jamais esperei, já
que eu o conhecia, mas não tão bem que eu pudesse
dizer que fossemos ótimos amigos. Eu sabia que podia
contar com ele e tem sido um grande alívio; é
como uma coisa em um milhão de possibilidades que aconteceu
tão naturalmente. Terry é um guitarrista insano
com uma presença de palco maravilhosa. Ele tem uma boa
personalidade, é "pé-no-chão"
e acima de tudo é um ótimo compositor. Eu realmente
não sabia disso, quando o trouxe para a banda, então
o Terry foi uma das melhores decisões que eu já
tomei.
Isso significa
que a banda Cold acabou?
Eu estou certa que sim. Eles podiam contratar
outro guitarrista e continuar, mas pelo que sei o vocalista
está entrando e saindo de clínicas de reabilitação
e tendo problemas sérios. Ele já está assim
por muito tempo e eu não acho que eles farão outro
álbum. Terry também estava muito infeliz com sua
banda, então acho que nos unimos em comum acordo.
Alguém
do Cold tem algo contra o Evanescence?
Eu não sei! Eu não falei
com eles porque estávamos juntos em turnê pelos
EUA, o que é engraçado, já que foi como
nos conhecemos. Scooter, o vocalista, estava muito triste, o
que não foi legal, mas o resto dos caras da banda foram
realmente maravilhosos. Eu adorei Jeremy e Keelly, e fiquei
amiga dos dois. Eu não conhecia o baterista muito bem,
mas eu não acho que tenha algum sentimento de mágoa;
creio que estavam bem enjoados da situação de
sua banda.
Você
está aqui com o Finger Eleven...
Sim, nós os adoramos, eles são
muito legais. É uma das bandas mais talentosas, e que
não foi bem sucedida, que eu conheço. Eles são
muito inteligentes, legais, caras bons. Eu não quero
dizer nada sobre favoritos, mas James é ótimo
e Scott, o vocalista, ele é muito doce.

Nem sempre. Nós estamos na Austrália, então todo mundo está tentando fazer tudo ficar divertido. Acho que sou a que fica mais presa com entrevistas o dia todo. Todo mundo sai bastante para se divertir, mas às vezes eu saio depois de um show, se eu tiver alguma energia sobrando. Eu costumava sair mais quando eu não tinha tanto trabalho a fazer, mas você sabe, uma vida é um trabalho!
E parece
ser um trabalho muito bom...
Sim, é muito bom. Esses dias eu
estava sentada na varanda com Beth, minha assistente, ela também
faz meu cabelo e maquiagem e tudo para mim... Eu nem sei do
que chamá-la! Mas nós estávamos sentadas
na varanda, trançando meu cabelo e almoçando e
tínhamos 4 horas de descanso e eu disse: "Sabe
o que é isso? É o nosso trabalho! Estamos sendo
pagas agora mesmo!", e ela disse: "Sim, não
é ruim!" (risos).
Bom, eu vou
deixar você explicar.
"Não
é ruim!" é na verdade uma frase do Terry.
Nós estávamos fazendo uma conferência com
a imprensa e estávamos parados lá depois de termos
ganhado 2 prêmios Billboard e estávamos nessa grande
conferência e eles perguntaram: "Então
Terry, como você se sente tendo acabado de entrar na banda
quando eles já tem um grande sucesso internacional e
vendido 6 milhões de cópias?" e ele
disse: "Não é ruim!" e nós
achamos a coisa mais legal que alguém já tinha
dito.
Extraída
de www.evanescence.com.br
Original
de www.undercover.com.au