Há
muito tempo atrás, existia um país chamado Iugoslávia. E esse país,
por incrível que pareça, tinha a segunda maior cena pop/rock em toda a
Europa, perdendo apenas para a Inglaterra. Nos anos 70 e 80 pipocavam
pelas balcãs bandas de Belgrado a Sarajevo, passando por Skopje e
Zagreb, e hoje falaremos de uma das mais importantes e influentes a
surgir nesse canto do mundo: o Bijelo Dugme. Foi uma espécie de fusão
dos Beatles e Rolling Stones para o povo de lá, a primeira banda que se
apresentava como um bando de garotos irreverentes e transgressores na
então Iugoslávia.
O
Bijelo Dugme foi fundado por Goran Bregovic, natural de Sarajevo.
Passou boa parte de sua infância estudando violino numa escola de
música, porém foi expulso por 'falta de talento'. Sua mãe então deu-lhe
um violão, um investimento que seria fundamental anos mais tarde,
quando nasceu o Jutro (Manhã), que contava com Goran Bregovic na
guitarra, Zeljko Bebek na voz, Zoran Redzic no baixo, Goran 'Ipe'
Ivandic na bateria e Vlado Pravdic nos teclados. Após serem rejeitados
pela gravadora Diskoton em Sarajevo, foram convidados a gravar seu
primeiro single, lançado pela gravadora Jugoton em Zagreb, chamado Kad
bi' bio bijelo dugme (Se eu fosse um botão branco). O empresário da
banda persuadiu Bregovic a mudar o nome da banda para Bijelo Dugme
(Botão Branco), pois já havia um grupo em Ljubljana chamada Jutro. O
single foi um hit tremendo, e Bregovic gabava-se de "ter vendido tantos
discos quanto existem toca-discos na Iugoslávia. Talvez devêssemos
começar a vender toca-discos junto com os discos." O primeiro LP, Kad
bi' bio bijelo dugme foi lançado em 1974.
Mas
o que o Bijelo Dugme fazia que as outras bandas da região não faziam?
Uma fórmula de rock simples com letras maliciosas, carregadas de
alusões eróticas, temperada com influências da música folk balcã (o que
apelidou o estilo musical do grupo como 'rock camponês'), além de uma
produção mais profissional e cristalina. Todos esses elementos podem
ser encontrados no segundo álbum da banda, Sta bi dao da si na mom
mjestu (O que você daria para estar no meu lugar), de 1975. Foi o
primeiro álbum a vender mais do que 100.000 cópias na Iuguslávia. Uma
popularidade de massas e histeria adolescente pelo grupo foi tal que a
mídia local batizou-a de "Dugmemanija" em referência à "Beatlemania"
dos anos 60.
Saem
Zoran Redzic, Goran 'Ipe' Ivandic e Vlado Pravdic da banda - o baixo
fica por conta de Zeljko Bebek e Milic 'Mica' Vukasinovic e Laza
Ristovski substituem Ivandic e Pravdic, respectivamente, para a gravação
do álbum Eto! Bas hocu! (Aí! Eu vou!), contando com a ajuda de músicos
de estúdio para algumas passagens de metais. O álbum foi lançado em
1976 e, apesar de sua inegável qualidade, não alcançou o patamar de
vendas dos primeiros trabalhos da banda, e uma série de shows medíocres
alimentaram especulações sobre o fim do grupo.
No
entanto, um concerto de 'despedida' de Bregovic, que passaria um ano
no exército, atraiu uma multidão de 10.000 pessoas no dia 28 de agosto
de 1977, trazendo novos ares de esperança para o grupo.
Zoran
Redzic e Vlado Pravdic retornam à banda, e é gravado em 1979 o álbum
Bitanga i princeza (O ladrão e a princesa), por muitos considerado como
o mais maduro disco de toda a carreira da banda. O 'rock camponês' do
grupo enfrentava a poderosa New Wave que se infiltrava por todo o país.
Nos
anos 80, o som do grupo foi cedendo à New Wave em álbuns como
Dozivjeti stotu (Vivendo até o centenário) de 1980 and "Uspavanka za
Radmilu M. (Cantiga de ninar para Radmila M.) de 1983. O vocalista
Zeljko Bebek deixaria o grupo para embarcar numa carreira-solo, sendo
substituído por Mladen Vojičić Tifa no álbum auto-intitulado de 1984 e o
por Alen Islamovic nos álbuns Pljuni i zapjevaj (Cuspe e cante) de
1986 e Ciribiribela de 1988. Após uma gig em Derventa, na atual Bósnia,
em 15 de março de 1989, Islamovic sai da turnê em função de dores nos
rins e, apesar de não aparentar, era o início do fim do grupo. Bregovic
decidiu acabar com a banda, alegando 'um grande alívio' com o fim do
Bijelo Dugme. Texto: Som Imaginário.
Integrantes.
Goran Bregović - Guitarra (1974-1989)
Željko Bebek - Vocais (1974-1984)
Mladen "Tifa" Vojičić - Vocais (1984-1985)
Alen Islamović - Vocais (1986-1989)
Zoran Redžić - Baixo (1974-1975, 1977-1989)
Jadranko Stanković - Baixo (1974)
Goran "Ipe" Ivandić - Bateria (1974-1976, 1977-1978, 1982-1989)
Milić Vukašinović - Bateria (1976-1977)
Dragan "Điđi" Jankelić - Bateria (1978-1982)
Vlado Pravdić - Teclado (1974-1976, 1978 - 1987)
Laza Ristovski - Teclado (1976-1978, 1984-1989)